sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ninguém pode mudar o mundo








"Por isso devemos logo de início ignorar ou pelo menos desconfiar de qualquer
um com essa intenção. "Por quê?" (insira voz de idiota na pergunta), um tolo pode
perguntar. Ora, porquê! Não importa. Ninguém pode mudar o mundo porque ninguém é
Jesus. Ninguém é Maomé. Ninguém é Buda. Ninguém é Einstein. Ninguém é Newton.
Ninguém é Darwin (estenda essa lista para o resto dos famosos, inclua também os nãofamosos
e todos os que colaboraram com eles). Ninguém é ninguém. E o mais importante
de tudo: jamais será. Imagine, que pretensão inaceitável: ser alguém. Ora, termine sua
bebida, vomite e vá pra casa como todo mundo! Mudar o mundo! Idéia estúpida! Apenas
pessoas mudam o mundo. Aliás, é tudo que elas fazem na vida, coitadas. Você não quer
ser uma pessoa, quer? Pessoas são detestáveis, são do tipo que morrem virgens. São do
tipo que travam conversas chatas. São do tipo que ficam melhor trancadas, caladas,
queimadas e ignoradas.


Não seja, eu disse,
não seja uma pessoa. Seja
gente como nós. Nós temos
distrações até pro seu cachorro.
Nós temos religião sólida,
religião líquida, em pó, em
tubinhos, em pílulas, religião
que cresce no chão, frases
bonitas, sexo fácil e acima de
tudo: ESTILO (Insira sorriso
carismático). É... Nós somos!
O resto tenta. Nós, que somos
gente, nós temos amigos,
carreiras, tudo. Nós temos
tudo. É isso mesmo, nunca
tinha me tocado... Meu Deus,
nós somos deuses! Somos mais
que deuses, temos livrearbítrio.
Temos frustrações que
nos impedem de enjoar da felicidade. Mas por quê? Por que, em nome de tudo que há de
mais sagrado (insira imagem de uma vagina) alguém gostaria de ser uma pessoa? Pensar
no mundo? Pensar em mudança? Meu Deus (insira Matt Damon empolgado aqui), temos
tantas coisas mais legais pra fazer! Tanto em que usar nossos neurônios! Olhe (contando
nos dedos): Videogames. MTV. Kama Sutra. Wisky. Câncer. Ou Cartas. Praia. Namoro.
Cerveja. Câncer. Tanto faz. "Suit yourself", temos para todos os gostos. Gosta de ler?


Ótimo! Leia Kafka, leia Baudelaire, leia Tolstoi. Nós garantimos: Aqui dentro você está
seguro do verdadeiro significado, que, eu garanto, te decepcionaria se você soubesse.
Você gosta de ver as coisas criticamente (ser do contra)? Ótimo, isto está na
moda também. Aqui você pode ser assim e ainda ser amado. Aqui você pode xingar o
sistema, reclamar da própria hipocrisia, falar mal da própria falta de caráter. Tudo certo,
testado e aprovado. Adaptamos tudo pra você, você pode ser tudo. Pode escolher a idéia
que quer que implantemos em você. Temos para todos os gostos! Pode se revoltar. Vamos
lá, tente. Acredite em mim, está tudo perfeitamente seguro. Grite! Vamos, organize
grupos de combate a sei lá o quê. Colabore com não sei o que lá. Lute pela sei lá o que de
sei lá aonde. Vamos! Pode ir, sério, não acredita em mim? Vivemos em tempos bem
diferentes agora. Enquanto a maioria acredita que não aprendemos nada do passado, nós
não só aprendemos como aplicamos perfeitamente. Nós aprendemos a conter reações
contrárias de DENTRO, antes de começarem. Nós aprendemos a continuar fazendo o que
nos interessa sem que os poucos descontentes nos atrapalhem. Nós temos canções de ninar
para os espíritos cansados. Elas soam como sirenes de emergência, não é? Não, para quem
nasceu aqui dentro não. Para quem está acostumado, elas soam como isto: (insira música
favorita aqui) Uma doce, doce melodia..."

Fonte: http://largue.wikispaces.com/file/view/A+industria+da+psicopatia.pdf

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