sábado, 27 de agosto de 2011

Individualismo x Coletivismo: Duas faces da mesma moeda

"Anarquia não é caos. O anarquista é o agente responsável por restaurar o equilíbrio à sociedade. Quem fala em equilíbrio, não pensa em caos."
-Mikhail Bakunin



Um assunto hora ou outra ressurge entre os anarquistas. A questão do indivíduo e o coletivo, o "eu" e o "nós".

Esses dois conceitos podem ser interpretados de diversas formas, em vários contextos, o que muitas vezes resultas em problemas e discussões inúteis, porque um se referia a tal palavra no sentido X, enquanto outro, no Y.

O Individualismo exacerbado pode sim resultar no "cada um por si e deus contra todos", por outro lado, o Coletivismo, dependendo de como for considerado, se aproxima perigosamente do totalitarismo.
No entanto, ambos podem ser analizados sob a ótica libertária, o que revela a necessidade dos dois. O equilíbrio.

O coletivo é formado por indivíduos, e o conjunto desses indivíduos forma o coletivo. Se um indivíduo se coloca acima do todo, temos então a tirania de um sobre a maioria. Se a coletividade se impor, a individualidade seria esmagada e poderiam todos se tornar uma massa homogenea e igual (no pior sentido).

O Individualismo Anarquista se aproxima mortalmente do Capitalismo. Muitos deles consideram a propriedade privada um direito do indivíduo, mas desprezam a lógica fatal que, cedo ou tarde, haverá acumulação nas mãos de uma minoria. Se dez pessoas receberem lotes de terra iguais para produzirem, em um futuro próximo ou distante nove delas perderão suas terras (talvez devido a erros próprios, ou maquinações de rivais) e um possuirá todos os lotes.
Aos descendentes dos sem-terras, só restaria venderem seu trabalho ao proprietário restante, o que geraria um ciclo de exploração (seja escravista, feudalista, capitalista ou outro). Uma hora, os trabalhadores iriam se rebelar, o que forçaria ao dono das terras usar a força para se manter. E mais uma vez o Estado emergiria da escuridão onde fora lançado.

O Coletivismo Libertário, por outro lado, arriscadamente insere o indivíduo em uma cooperação com a comunidade, no qual cada um cumpre seu papel. Mas ao passar dos anos, nada poderia impedir que essa mesma comunidade se colocasse acima de seus participantes, partindo para um totalitarismo, no qual o "eu" se dissipa dando lugar ao "nós".

Tanto individualistas quanto coletivistas se estranham, cada um a temer o resultado negativo do outro, mas sem olhar para as possíveis consequencias de suas próprias ações. Eis porque há de haver necessidade de ambos entre os anarquistas.
Com defensores da individualidade e da coletividade, haverá uma vigilância entre eles, o que impediria um radicalismo de qualquer dos lados, e a manutenção do equilíbrio da sociedade.

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