quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma História Incompleta - Para onde estamos indo?



Tudo começa em 2010.





A organização Wikileaks tem como objetivo divulgar informações que os poderosos, governos ou corporações, não querem que venha a luz. No meio do ano, ela libera um video que mostra um helicoptero americano disparando contra civis. Isso chama atenção do mundo todo, mas algo maior estava por vir.
Em seguida, o Wikileaks anuncia que conseguiu mais de 250mil arquivos secretos dos Estados Unidos, e começa a liberá-los. China e outras ditaduras bloqueiam o site no país, completa ou parcialmente. Os EUA iniciam uma forte campanha contra a organização. Sites de pagamento realizam boicotes e bancos congelam os fundos do Wikileaks. Hackers começam ataques constantes contra o site. Uma controversa acusação de estupro a Julian Assange na Suécia o coloca na lista de procurados da Interpol. Braddley Manning, acusado de ter vazado os arquivos, é preso por traíção nos EUA.

Há um site norte-americano conhecido como 4Chan. No Brasil, existem versões semelhantes, como o extinto 55Chan e o atual BrChan. Todos, tal como o original, eram conhecidos entre os internautas (leia-se nerds) como o "CU DA INTERNET". Motivo simples. O 4Chan (e seus derivados) não necessitam de registro de participantes, e qualquer um pode postar anonimamente. No 4Chan, cada post aparecia como enviado de Anonymous (Anônimo, em ingles).

O 4Chan sempre foi um caos. Trollagens, spams, mais trollagens, pornografia, mais trollagens (se não sabe o que é trollagem, procure no google agora, seu analfabeto digital!), animes (geralmente hentai)  e mais trollagens ainda. Seus frequentadores, então, eram chamados de Anonymous (ou carinhosamente, Anons). Suas ações muitas vezes incluiam molecagens, como votar para enviar o Justin Bieber para a Coreia do Norte, e sacanear com pessoas (famosas ou não). Vez ou outra, seus membros até mesmo compartilhavam pornografia infantil, não por serem pedofilos, mas só de pura sacanagem para escandalizar a internet.

Obviamente quaisquer censurar do meio digital afetaria a diversão, e por isso os integrantes do 4Chan se mobilizavam para destruir qualquer tentativa. Voltemos, agora, ao enredo principal.

Diante dos ataques ao Wikileaks, os Anonymous decidiram agir. Não só para garantir a liberdade de internet, mas também pelo Lulz (traduzindo...diversão em ver o caos e os governos se ferrando). Assim sendo, lançaram ataques a todo governo e corporação que ameaçasse o Wikileaks e fizeram uma verdadeira campanha a seu favor. Daí em diante, Anonymous nunca mais seria o mesmo.

Com a fama mundial devido a essa ação, muitas pessoas começaram a achar que Anonymous era um grupo ativista político e ingressaram, e como isso ocorreu em número tão grande, o que antes era uma denominação a trolls do 4Chan acabou ganhando fama de movimento revolucionário.

Apesar de tudo, no entanto, a ele ficou faltando uma orientação central. Quando observamos a história dele...fica claro que ele não possui uma posição política oficial...é (ou era) apenas as massas insanas de um site. E agora, após alguns membros do "Novo Anonymous" lançarem um "Plano" para destruir o Sistema...ele continua sem objetivos. Ele sabe que é contra o atual modelo das coisas, mas não propõe nada a substituir.

Em nome de uma "união de todos", debates teóricos e ideológicos são jogados de lado em favor da ação direta...mas o fato é que cedo ou tarde, seus membros terão que encarar as questões que hoje ignoram.

Até la, o Anonymous é um amontoado de gente...liberais, fascistas, anarquistas, marxistas, pessoas que só querem atenção, reformistas, bagunceiros, nacionalistas, apartidários, cães, gatos, fuinhas, lontras (???) e uma infinidade de coisas.

Retornando...o fundador do Wikileaks esta nesse momento na Inglaterra, tentando evitar uma extradição a Suécia.

2011

Europa

A crise economica iniciada em 2008 cada vez mais afeta o povo do Velho Mundo. Quando ocorreu a crise de 29, século passado, o resultado disso foi a ascensão do socialismo e, para tentar freá-lo, do nazi fascismo. E não me parece muito diferente. De um lado temos governos pendendo ao Fascismo, se alimentando da xenofobia e do desespero da crise, que tornou a população insatisfeita com os bancos e governos liberais/socialdemocratas.

Do outro, temos a extrema-esquerda, o Anarquismo, se fortalecendo e agindo de forma direta e indireta em diversas manifestações pelo continente.

Na Grécia, isso se mostra bem claro. A força anarquista "lidera" a imensa maioria dos protestos no país. Isso devido a insatisfação popular e ao colapso do país frente a crise (desencadeada pela corrupção dos próprios governantes).

Na Espanha, os resultados da crise terminaram como milhares de pessoas tomando as praças do país no 15 de Maio, e muitas exigindo Democracia Direta (e mais uma vez, forte presença anarquista). Repudio a todos os partidos políticos, direitistas ou esquerdistas, foi claro.

Na Inglaterra, após o assassinato de uma pessoa pela polícia, resultou em fortes distúrbios na capital Londres.

E as manifestações só crescem. Assim como ideias fascistas.

América

No Chile, estudantes entram em protestos pela educação, e centenas ocupam Wall Street nos Estados Unidos. No Brasil, após a repressão da Marcha da Maconha pela polícia, ocorreu a Marcha da Liberdade.

No 07 de Setembro, o Anonymous puxou uma manifestação nacional, que acabou sendo manipulada pela mídia (de direita ou esquerda), e transformada por muitos em uma ação puramente reformista (e por que não dizer, elitista?).

Em 12 de Outubro, os Caras Pintadas e o Dia do Basta, juntos, planejam uma nova marcha contra corrupção.

Em São Paulo, as ações dos nazifascistas crescem...mais ataques a homossexuais, negros, nordestinos. Tudo isso sob a proteção do preconceito da classe média paulista, os interesses midiáticos, a simpatia policial e militar (que inclusive oferecem treinamento) e corrupção política.

Ásia e África

Começo do ano, os árabes cansaram da opressão dos governos e assim explodiu a Revolução de Jasmin, onde governos começaram a ser derrubados um após o outro, e teve início na Tunísia.

No Egito, os militares assumiram o governo, prometendo uma transição. A insatisfação popular continua, e azedarão as relações com Israel.

Na Líbia, o que antes começou como protesto virou guerra civil, quando o governo demonstrou disposto aos mais terríveis massacres. A Otan, em nome de "proteção aos civis", iniciou pesado bombardeio ao país.

A Síria prossegue com a chacina de milhares de manifestantes, e outras ditaduras como Bahrein, Arábia Saudita e Irã prosseguem com repressões.

Aqui, ao invés do crescimento do fascismo, revela-se a presença forte do fundamentalismo islamico, que ameaça as revoluções realizadas.

Tentativas de manifestações na China foram barradas, no Japão o povo toma as ruas contra energia nuclear e na Índia contra corrupção.

Para onde vamos?

Agora, temos diante de nós o 15 de Outubro. Proposta inicialmente vinda dos manifestantes espanhóis, milhares (por que não, milhões?) do mundo todo tomarão praças e ruas, clamando por uma Democracial Real (leia-se Direta). Da Europa a África, da América a Ásia e Oceania, pessoas estão declarando total apoio.

Mas não vai ser fácil. A pluralidade dos movimentos envolvidos em todas essas manifestações pelo globo é grande, e mesmo a manifestação do 15 de Outubro não abrange apenas defensores da democracia direta.
Ao mesmo tempo, muitos anarquistas (ao menos no Brasil) não colocam fé no caminhar das coisas e decidem tomar poucas atitudes, e os poucos que ousam (como eu) são esmagados diante das ideias reformistas e de um falso e vago "apoliticismo".

Poderiam essas manifestações terem algum sucesso? Poderiam elas atingirem seu objetivo, sem se corromper como todas ao longo da história? Ou sem ser esmagada pela fúria do Capitalismo e do Estado?

Cometeria ela o mesmo erro da Democracia Ateniense, ou cairia nas mãos dos fascistas e totalitários em geral, levando-nos a uma ditadura mortal?

Ou tudo seria mercantilizado e tornado negócio nas mãos dos capitalistas, que continuariam sua atual exploração do mundo e ficaremos nas mãos das grandes corporações?

E o colapso economico, social e ambiental?

Será que o Anarquismo terá voz, e finalmente caminharemos para um mundo de reais liberdades e igualdades? Será que tudo não cairá nas mãos de um reformismo vazio e estéril?

Como diz a música:

"Será...que é só imaginação
Será...que nada vai acontecer
Será...que é tudo isso em vão
Será...que vamos conseguir venceeer?"


Será?

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